sexta-feira, 19 de junho de 2009

A Bandeira de Francisco de Mello Palheta ao Madeira e o documento da Narração da Viagem

Análise Documental:

Ao iniciarmos uma breve análise do documento chegamos a conclusão de que trata-se de um relato que refere-se a uma expedição ocorrida de 11 de novembro de 1722 a 12 de setembro de 1723, chefiada por Francisco de Mello Palheta e teve por destino o rio Madeira e suas Vertentes;
Inicialmente deparamo-nos com um texto confuso,complexo e prolixo,
De forma que após uma primeira análise somos tentados a diagnosticá-lo como incompleto e contraditório, porém após uma re-análise de seu conteúdo torna-se visível que exatamente na falta de informação possui os elementos necessários para a compreensão do mesmo.
Por se tratar de uma expedição promovida no século XVIII por portugueses, somos inconscientemente levados a deduzir as possíveis intencionalidades da expedição que poderia ser :
-Captura de escravos(índios)
-Busca de Riquezas (minerais)
-Povoamento das áreas ainda não ocupadas por Portugueses
-Delimitação de território, entre outros

Porém nenhuma destas intencionalidades aparecem no plano “linear” e encerra-se o relato transmitindo-nos a imagem de que tal expedição foi mal sucedida, assim podemos concluir que evidentemente a mesma cerra-se sem atingir seu ideal, ou talvez, podemos arriscar-nos a supor um possível preenchimento de suas lacunas,
Tendo por base que o documento está incompleto,podemos arremeter esta omissão de fatos a várias possíveis razões, mas para isso teremos de identificar seu autor;
Sabendo que no período colonial apenas 0,01% da população Brasileira freqüentava os colégios Jesuítas ; que o fenótipo do Bandeirante era ser um sujeito Analfabeto(anulando assim qualquer possibilidade de lhe atribuir a autoria) , torna-se difícil aceitar que um sujeito “de origem nobre” se sujeitaria a uma expedição de resultados duvidosos e sujeito a diversos perigos a fim de apenas relatar meros acontecimentos “corriqueiros e banais”,
Então resta-nos acreditar que possivelmente este foi um relato posterior a viagem onde foi relatado apenas o que interessava.
Ou se foi escrito por um dos tripulantes da expedição este deveria ser o único capelão que os acompanhavam, se assim se foi resta-nos a identificar a falta de coesão no texto, onde um assunto não se liga ao outro, pelo menos não de forma lógica, evidentemente pode ter sido ocasionado por uma possível censura por parte do sargento-mor, limitando-se a não relatar possíveis confrontos sangrentos com tribos indígenas que provavelmente resultou na morte de Três homens citados como desertores,
A ausência de relato sobre o aprisionamento de indígenas para o trabalho escravo vai ao encontro de interesses financeiros visto que possivelmente havia a necessidade de prestar contas com os financiadores da expedição e uma vez omissa esta informação resultava em maiores lucros, pois é difícil aceitar a idéia de que uma expedição deste porte retornasse após 10 meses sem sequer um escravo ou qualquer outro tipo de riqueza.
Ao concluir chegamos ao consenso de que a riqueza do relato está justamente na omissão dos fatos abrindo-nos possíveis e infinitos caminhos para trilhar.

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